A catástrofe de domingo (1) é um desdobramento óbvio da prática repressiva e constante da polícia
Folha de S.Paulo, 1o de dezembro de 2019
A catástrofe de Paraisópolis, com nove jovens mortos em ação da PM em um baile funk, é uma tragédia anunciada, gerada por dois elementos combinados: a crescente violência policial contra os pobres, negros e periféricos, estimulada pelas autoridades, e a improvisação da maioria dos bailes funk, que reúnem multidões sem segurança em lugares inadequados.
Manifestação cultural autêntica, o funk tem enorme adesão dos jovens, sem alternativas de cultura e de lazer. Mas sofre a rejeição de setores da sociedade, que querem criminalizá-lo. A festa, realizada sem regramento de horário, ruído e sem planejamento para garantir a mobilidade dos moradores, acaba sendo alvo da ação da PM, que atua com violência, bombas, tiros e agressões contra jovens.
O Baile da 17, palco da tragédia de domingo, sofreu 45 ações de repressão em 2019. A catástrofe é um desdobramento óbvio da repressão constante e ineficiente. Sem mais políticas públicas voltadas para a juventude periférica e com a violência policial sem responsabilização dos agentes, o risco de novas tragédias como a dessa madrugada estará sempre presente.
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