É urgente um plano emergencial para enfrentar a pandemia na população vulnerável
Folha de S.Paulo, 23 de março de 2020
-Centro de São Paulo, 20h.
Enquanto as janelas piscavam, as panelas rugiam e a classe média, isolada, gritava “Fora…”, lá fora, homens e mulheres miseráveis dividiam as ruas quase desertas com o lixo remexido e rondas policiais.
A televisão recomenda: “fiquem em casa!” Mas, e quem não tem casa? E quem mora em casas insalubres e superlotadas em favelas e cortiços?
Na Praça da Sé, uma multidão ouvia um pregador dizer que “o vírus era obra de satanás e que só a fé vai expulsá-lo”. No entorno, uma centena de outros perambulavam, dividindo restos de comida, crack e calor humano.
“Ficar em casa” será duro para 27% dos paulistanos que compartilham com três ou mais pessoas o mesmo dormitório. Destes, 243 mil dormem com outras cinco ou mais pessoas.
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