Movimento anticolonial e antirracista precisa desconstruir a trama histórica equivocada através de um projeto cultural e educacional consistente

Folha de S.Paulo, 15 de junho de 2020

Antes de derrubar estátuas devemos desconstruir a distorção histórica que originou homenagens aos bandeirantes. Anhanguera, Raposo Tavares, Fernão Dias e outros tantos estão em muitos lugares: rodovias, ruas, avenidas, bairros, monumentos e casas históricas.

Tão homenageados, esses homens não foram herois. Eram caçadores de índios, vendidos como escravos. Participaram do genocídio dos guaranis na destruição das Missões Jesuíticas. Pelo menos 300 mil indígenas foram escravizados.

A elite tradicional paulista, enriquecida pelo café, mas sem poder político, construiu esse herói, com o apoio de historiadores, para criar um projeto de poder, que necessitava de em um mito.

Alfredo Elias Jr. os considerava um “povo superior” ou uma “raça de gigantes”. Daí o tamanho da estátua de Borba Gato. Para Taunay, a escravidão indígena era justificada pelo êxito na conquista territorial.
Essa trama foi conveniente em 1932, quando a elite paulista levou o país a uma guerra civil.

O movimento anticolonial e antirracista precisa desconstruir essa trama histórica equivocada através de uma campanha cultural e educacional consistente. Retirar monumentos, cancelar homenagens e dar visibilidade para os oprimidos devem ser frutos de um resgate da memória. Quem apaga a memória, queima livros e impõe uma única visão da história são os regimes fascistas.

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