Alterações precisam ser feitas no Plano Diretor, mas não no sentido proposto por Covas
Folha de S.Paulo, 23 de dezembro de 2019
Até os mármores do Palácio Anhangabaú sabem que Doria se comprometeu com o setor imobiliário, na campanha de 2016, a promover as alterações no Plano Diretor Estratégico (PDE) que eram desejadas pelo mercado: redução da outorga onerosa, aumento do número de garagens e da área média dos apartamentos nos eixos de transporte coletivo e elevação da altura dos edifícios no miolo dos bairros.
A mudança descaracterizaria a concepção urbanística do PDE que estimula o adensamento junto ao transporte coletivo e restringe edifícios altos nos bairros residenciais ocupados por casas. A forte oposição da sociedade levou a prefeitura se recolher e, com as substituição do prefeito em abril de 2018, a ideia perdeu o ímpeto inicial.
Quando se julgava que o bom senso havia predominado, a gestão Covas apresentou, em novembro, uma nova proposta para debate, que espera aprovar em 2020.
A nova versão propôs elevar a altura dos edifícios no miolo dos bairros para 48m (15 pavimentos) ou até 60 m (19 pavimentos). Outras modificações, ainda mais nefastas, poderiam ser feitas pelo legislativo. Aceitar essas mudanças, desconsiderando uma visão de conjunto da cidade, sem estudar os impactos e sem um debate aprofundado seria uma temeridade.
Ainda mais considerando o novo boom imobiliário que está começando. Em 2019, tivemos um recorde nos lançamentos.
Por essa razão, é absolutamente correta a liminar concedida pelo Judiciário, que paralisou o processo de alteração do zoneamento.
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